A DIFICULDADE EM DIZER NÃO!

“O homem é um aprendiz, a dor é o seu mestre”.
Alfred de Musset

Os pais acham que estão educando seu filho, bem na verdade a educação pode variar de bem para mal. Educação é um tema na verdade que muitos discutem, porém no dia a dia é difícil de realizar. Segundo Içami Tiba:
“Educação é preparar o futuro cidadão e trabalhador. E isso começa dentro de casa. Ninguém quer contratar uma pessoa que age todo o tempo como um adolescente. Ensinar cidadania dentro de casa é mostrar que todos os integrantes da família devem ser tratados com respeito. A família não pode ter um provedor que deixa o filho fazer tudo. Os pais precisam crescer. O amadurecimento, nesse caso, não é só do jovem, mas de todo mundo”. (anexoI)

As crianças precisam saber que nem tudo é possível, que o mundo não está aí para realizar os seus desejos e isso é um dever para os pais, sem medo de frustrá-los agora, pois a frustração do amanhã com certeza será mais difícil. A criança precisa saber lidar com o não, assim como os seus pais. A criança que convive com o não demonstra ter um raciocínio lógico mais apurado, a fim de conseguir atingir o seu objetivo, ela pensará em um caminho alternativo em busca de soluções práticas para o problema.

Içami Tiba (2002) confirma o citado quando diz:
“... a criança que desrespeita o não da mãe ou do pai tende a desrespeitar o não de outras pessoas. Além do mais desenvolve a incapacidade de se controlar, isto é não consegue dizer” não “a si mesma”. (pág.254)
E é por isso que se deve ter o cuidado para não desperdiçar os nãos. Ele deve ser dado seguido de uma explicação. A resposta “porque não”, não basta para a criança que vai insistir no erro, já que não entende o motivo do não. O grande problema é que os pais já não têm paciência para educar, são tantos os afazeres do dia-a-dia que simplesmente não há tempo.

A falta de paciência pode ser vista como grande falha na educação Os pais terão de falar várias vezes a mesma coisa até que a criança compreenda a regra do jogo. Por isso, é indispensável manter a calma. Sempre. Gritos não só não adiantam como são o caminho mais curto para se perder a credibilidade. Os pais precisam ser firmes quando dizem não é não, não existem tipos de não. Não é porque a criança ficou emburrada que as regras precisam ser modificadas. É preciso ser bem coerente nessa hora e consistente também, a palavra do pai tem que ser mantida. Não se pode fazer promessas vãs ou prometer o que já sabem que não cumprirão. É um aprendizado difícil tanto para pais quanto para filhos.

Tiba (2002) ainda diz: “... quando proibirem alguma coisa ao filho, encontrem outras que ele possa fazer. A simples proibição é paralisante. A educação é mobilizar para o bem comum”.(pág.57)
É uma alternativa tirar o foco do não, oferecendo outros afazeres, expondo a criança a novos estímulos. A criança certamente dará mais valor ao sim, quando conhecer o não. Será mais prazeroso, mais feliz e não uma alegria passageira. Deve haver momentos que a criança perceba que conquistou porque soube esperar, porque se esforçou e compreendeu o não recebido.

O que poderia então reverter o quadro atual de indisciplina? Por que não repensar as responsabilidades? Primeiramente dos pais, seguidos da escola e então da sociedade. E os valores, como implantá-los? Como exigir algo que não se faz? Rever os conceitos pode ser o começo de tudo, sabendo que há um caminho longo a percorrer. É como um curso de datilografia, onde se bate na mesma tecla, até assimilar ou porque não dizer memorizar.
Se cada um cumprir o seu papel o objetivo será alcançado, não de ter filhos e alunos perfeitos, mas moldando-os, respeitando o seu jeito de ser, preparando-os para a sociedade, tornando-os bons cidadãos.

BIBLIOGRAFIA
TIBA, Içami. Disciplina, limite na medida certa. São Paulo: Gente, 1996.