quarta-feira, janeiro 21, 2015



       
 A EDUCAÇÃO INFANTIL NA CONTEMPORANEIDADE
 Por: João Carlos Pharaoh

Historicamente foram criadas e promulgadas leis para assegurar os direitos da criança a educação infantil, a qual é atualmente assegurada por lei e dever do Estado e definida pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (2010, p. 12) como:
Primeira etapa da educação básica, oferecida em creches e pré-escolas, às quais se caracterizam como espaços institucionais não domésticos que constituem estabelecimentos educacionais públicos ou privados que educam e cuidam de crianças de 0 a 5 anos de idade no período diurno, em jornada integral ou parcial, regulados e supervisionados por órgão competente do sistema de ensino e submetidos a controle social.

Assim, percebe-se que além de cuidar as instituições de ensino que atendem crianças na fase da educação infantil na contemporaneidade necessita educar para tanto faz-se necessário uma proposta pedagógica que venha propiciar o aprendizado e o desenvolvimento da criança.
As instituições de educação infantil podem funcionar em período parcial ou integral, segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (2010, p. 15) “é considerada Educação Infantil em tempo parcial, a jornada de, no mínimo, quatro horas diárias e, em tempo integral, a jornada com duração igual ou superior a sete horas diárias, compreendendo o tempo total que a criança permanece na instituição”.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) Lei Federal 8069/90 traz em seu artigo 54 é dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente: IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade” (2010, p. 41), sendo assim o ingresso na educação infantil é um direito da criança que necessita ser cumprido pelo poder público que deve disponibilizar espaços educacionais para as crianças próximos a sua residência como ressalta as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil “as vagas em creches e pré-escolas devem ser oferecidas próximas às residências das crianças” (2010, p. 15), caso não possua instituições de ensino sejam distantes é necessário o provimento de transporte escolar que permitam o acesso as instituições de ensino e aprendizagem.
A oferta de educação infantil em creches e pré – escolas públicas devem ser garantidas pelo Estado, a manutenção dessas instituições é responsabilidade dos municípios, contudo o poder estadual auxilia na manutenção desses ambientes educativos com uma determinada quantia.
Diante do exposto compreende-se que a Educação Infantil consiste no processo educacional de crianças na faixa etária de 0 a 5 anos de idade antes de seu ingresso no Ensino Fundamental. Nessa modalidade de educação as crianças são estimuladas por meio de diversas atividades a estarem exercitando suas capacidades motoras e cognitivas, a realizaram descobertas, desse modo é então iníciado ao processo de alfabetização.
A prática pedagógica na educação infantil deve priorizar o desenvolvimento do aluno nos aspectos pessoal, intelectual e social levando em consideração a cultura do grupo de educandos e as necessidades emergentes na sociedade contemporânea. As instituições de ensino destinadas para a educação infantil se constituem segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998, p. 11) “[...] em espaços de socialização, pois propiciam o contato e o confronto com adultos e crianças de várias origens socioculturais, de diferentes religiões, etnias, costumes, hábitos e valores, fazendo dessa diversidade um campo privilegiado da experiência educativa”, nessa perspectiva a criança entra em contato com diversas culturas familiares e sociais, essa diversidade enriquece os conhecimentos da criança e contribui na formação de sua identidade.
A parceria entre escola, família e sociedade se constitui como um importante fator de desenvolvimento da criança, visto que essas três instâncias possuem papéis distintos na formação do individuo e quando unidas em torno de um objetivo comum contribuem de maneira mais significativa no processo formativo da criança.
As instituições de Educação Infantil necessitam de uma ação pedagógica que venha contemplar o desenvolvimento integral da criança como determina as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (2010, p. 18):
A proposta pedagógica das instituições de Educação Infantil deve ter como objetivo garantir à criança acesso a processos de apropriação, renovação e articulação de conhecimentos e aprendizagens de diferentes linguagens, assim como o direito à proteção, à saúde, à liberdade, à confiança, ao respeito, à dignidade, à brincadeira, à convivência e à interação com outras crianças.

Nesse sentido a ação do professor da educação infantil precisa abarcar as variadas linguagens, a visual, a oral, a gestual, a escrita, os desenhos afim de permitir ao aluno diferencial e utilizá-las cotidianamente.  Do mesmo modo, os direitos assegurados a criança que venham propiciar o seu desenvolvimento pleno desempenham um papel fundamental na formação da criança, sendo necessário o desenvolvimento de habilidades decorrentes da interação com os colegas.
A criança por sua vez, aprende significativamente por meio de uma prática lúdica, sendo assim, os jogos e as brincadeiras são instrumentos valiosos que podem ser utilizados pelos professores em sua prática em sala de aula. Os jogos e as brincadeiras estimulam a imaginação e o raciocínio permitindo ao aluno interagir com os colegas, perceber e obedecer as regras impostas levando as crianças a se relacionarem com as noções de regras, a demonstrarem suas habilidades e exercita-las continuamente.
Nesse sentido, segundo os Referencias Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (RCNEI) (1998, p. 22) “brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e da autonomia”, através da brincadeira as crianças exercitam a criatividade, a imaginação, a atenção, a memória, utilizam gestos e sons variados, lida com a sua ansiedade, suas perspectivas, medos e frustações, aprende através de suas próprias experiência bem como das experiências vivenciadas pelos colegas, constrói conhecimentos, diante desse contexto, o brincar exerce um papel fundamental no desenvolvimento da criança. Por sua vez, como afirma Kishimoto (1994, p. 22):
É pelo jogo que a criança se revela. As suas inclinações boas ou más, a sua vocação, as suas habilidades, o seu caráter, tudo que ela traz latente no seu eu em formação, torna-se visível pelo jogo e pelos brinquedos, que ela executa.

Como expresso anteriormente o professor atuante na educação infantil precisa estar trabalhando constantemente com a imaginação e a criatividade da criança, nessa perspectiva outro importante aliado para o professor dessa modalidade educacional é a contação de histórias visto que as histórias infantis desempenham um papel indispensável no desenvolvimento da criança, sendo assim, “a contação de histórias é uma excelente estratégia para o professor colocar as crianças em contato com boas histórias” (REGATIERI, 2008, p. 34), e através desse contato serão estimuladas a imaginação, a criatividade da criança e o prazer pela leitura, certamente as crianças que possuem em seu cotidiano o contato com histórias infantis desenvolvem com mais rapidez a oralidade e passam a conhecer e utilizar com exatidão a descrição e narração de historias e acontecimentos.
A prática pedagógica em classes de educação infantil na contemporaneidade necessita considerar e permitir o acesso as tecnologias em especial as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), de modo que venha possibilitar uma ação educativa condizente com a conjuntura social do momento, fazendo do processo educacional uma prática pedagógica inclusiva.
As aprendizagens provenientes da educação infantil irão subsidiar na construção e aquisição dos conhecimentos teóricos e práticos destinados ao Ensino Fundamental, contribuindo dessa forma na continuidade do processo de formação educativa das crianças.
Durante a fase de educação infantil a avalição será realizada por meio do acompanhamento e do registro individual do desenvolvimento de cada criança em determinado período. A avaliação não possui o objetivo de promoção que venha nortear o ingresso no ensino fundamental.
As instituições de ensino e aprendizagem destinadas ao atendimento de criança em fase de educação infantil precisam de uma estrutura que atenda as características e necessidades das crianças possibilitando assim, um espaço enriquecedor e propício para a socialização, a autonomia e a aprendizagem. Nesse sentido, os espaços da pré-escola e da creche devem ser seguros na medida em que possibilite a integridade física das crianças, a instituição precisa dispor de variados espaços que permita a movimentação das crianças e a sua interação com as outras crianças e com os adultos, os móveis necessitam ser adaptados e as cores da instituição devem ser adequadas ao ambiente educativo.
Sendo assim, as salas de aulas têm que ser espaçosas, ventiladas e com boa luminosidade, as cadeiras e mesas devem estar condizentes com o tamanho dos alunos, a decoração da sala pode ser realizada em conjunto com os alunos, através da exposição das atividades realizadas, os banheiros da instituição de ensino devem ser adaptados para a faixa etária. Faz-se necessário um espaço destinado a recreação, dispondo de brinquedos e jogos com diferentes cores e texturas, um espaço destinado para o descanso, o refeitório e o berçário, entre outros espaços que uma instituição de educação infantil pode possuir como, por exemplo, sala de informática, sala de psicomotricidade, oficinas de artes plásticas, lactário, solário.
Os professores que atuam na educação básica na contemporaneidade devem possuir uma formação em nível médio ou superior como determina a LDB lei nº 9 394/96 (2010, p.46):
Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação estabelece como meta a formação em nível superior para os profissionais atuantes no sistema educacional brasileira, no entanto devido a falta de formação acadêmica da maioria dos professores integrantes na área da educação, permite-se a inclusão de profissionais com o nível médio como formação mínima. Contudo sabemos que é extremamente necessário a formação em nível superior para os profissionais da educação, as secretarias de educação por sua vez podem contribuir na formação de sues professores através de projetos, programas, cursos formativos.
A formação inicial e também a continua para o profissional da educação é indispensável, já que os conhecimentos sobre a prática educativa, e o conhecimento do processo de ensino e aprendizagem são de suma importância para a atividade pedagógica, nessa perspectiva, os conhecimentos adquiridos no processo formativo do professor seja inicial ou continuo irão dar subsídios durante o exercício de sua profissão docente.
Por sua vez, a formação continuada é uma forma do professor estar atualizando seus conhecimentos e estar em contato com as teorias que circundam o ambiente educativo, nessa perspectiva, o docente pode intervir respaldado teoricamente e realizar uma prática condizente com as necessidades emergentes em determinada sociedade, exercendo assim uma ação docente atrelada com a realidade  do alunado propiciando dessa forma uma prática educativa significativa para o processo educacional das crianças, nessa perspectiva compreende-se “[...] que a teoria ilumina a prática e esta é ressignificada pela teoria” (LIMA, 2012, p. 42).
Desse modo entende-se que a educação infantil desempenha um papel fundamental no desenvolvimento psicomotor, social e intelectual da criança, nesse contexto a ação docente nessa modalidade educacional deve realizar uma prática educativa que atenta as características e necessidades das crianças promovendo dessa forma em um ambiente propício para a construção de conhecimentos uma prática que busque o desenvolvimento da criança em sua complexidade, valorizando o meio social e histórico no qual se encontra inserida.
No capítulo seguinte será enfatizado o processo de aquisição da leitura e da escrita na educação infantil, visto a necessidade do desenvolvimento dessas habilidades que podem ser trabalhadas e incentivadas continuamente durante a educação infantil, a presença da leitura e da escrita desde os anos iniciais de vida da criança pode despertar o prazer por essas atividades, nesse contexto, a aquisição da linguagem oral e escrita representa instrumentos valiosos no desenvolvimento da criança.

REFÊRENCIAS



BRASIL. Lei n.° 4.024, de 20 dezembro de 1961. Fixa as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em: . Acesso em: 1de ago. 2014.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. 5. ed. Brasília : Câmara dos Deputados, 2010.

KISHIMOTO, T. M. O jogo e a educação infantil. São Paulo: Pioneira, 1994.

 LIMA, Maria Socorro Lucena. Estágio e Aprendizagem da formação docente. Brasília: Liber Livro, 2012.
 

 


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